Uma página em html, com tabela, formulário, cor e uma foto escolhida por cada aluno. Este foi o produto de uma oficina de programação de duas horas no Colégio Estadual Maria Teixeira Aguiar, em Curitiba. A atividade foi proposta por Felipe Fortes, depois do pedido da estudante Ana Paula de Carvalho no Quero na Escola.
“Foi bem legal, foi um método que mesmo quem não soubesse nada, conseguia”, comentou Arthur Abreu, que cursa o segundo ano do Ensino Médio e achou “uau”, um profissional de fora da escola participar. “Ele foi super prático, todos se interessaram, fizeram junto e deu certo”, comentou o estudante.

A oficina ocorreu na sexta-feira passada à tarde e foi para os alunos que estudam em outros períodos.
O voluntário que conhecia a escola só de passar em frente, achou a unidade organizada e os alunos interessados. “Tudo que eu pedi, projetor, caixa de som, arrumaram rápido e os alunos respeitaram bastante”, contou. Apesar dos elogios, aluno e professor comentaram que faltou internet em alguns computadores.
A atividade de duas horas começou com explicação do que é um programador e um programa em uma aula expositiva de meia hora e depois passou a parte prática. “Alguns já sabiam pra que servia, como é criado e linguagem de programação. Para mim foi bom saber que o pessoal do Ensino Médio já consegue montar um site”, comentou Fortes.
O diretor da escola, Dario Ivatiuk, convidou Felipe a voltar outras vezes. “É muito bom ter esta parceria com pessoas de fora, que trazem um olhar de profissional. Os alunos se interessam muito, vale a pena”, disse. Esta é a terceira vez que o Colégio Maria Aguiar recebe voluntários. Os dois primeiros foram fotógrafos.
Estudantes de qualquer escola pública pode se cadastrar no Quero na Escola e dizer o que gostariam de aprender além do currículo da escola.
Bruno chegou ao colégio uma hora antes para poder se organizar e acabou trocando ideias com os professores. Eles decidiram, em conjunto, fazer não apenas uma, mas duas palestras, de forma a atender as seis turmas daquele turno. Assim, participaram mais de 120 alunos, além de seis professores e uma funcionária.
Gabriela estudou em seu mestrado uma disciplina sobre Jurisprudência na Suprema Corte dos Estados Unidos, e como as decisões dos juízes levaram em conta questões feministas. “Sou muito interessada no tema, leio e pesquiso a respeito”, disse.
A aluna que fez o pedido, Letícia Fernandes, de 17 anos, aprovou a discussão. “Os alunos participaram bastante. Fiz esse pedido, porque tem muito homem que acha que feminismo significa que a mulher quer se colocar acima dos homens e não é isso, é uma questão de igualdade, como o Obama falou”, relatou.


Os estudantes se interessaram principalmente sobre a guerra civil na Síria e sobre o grupo terrorista Estado Islâmico. “Nós analistas acreditamos que ainda vamos ouvir falar muito deles”, disse Monique, que dá aulas na Escola de Comando e Estado-Maior do Exército (ECEME) e cursos na Casa do Saber.
Com exemplos de tirinhas de autores brasileiros e estrangeiros, Pacha apresentou diferentes formas de contar histórias em quadrinhos, com desenhos mais ou menos elaborados, apontou recursos usados para mostrar a passagem do tempo, metalinguagens, metáforas e ironias empregadas. O ilustrador também explicou o conceito de Pareidolia, quando imagens aleatórias e vagas são percebidas como algo distinto e com significado (como o rosto humano), que permite que com poucos traços, personagens humanos sejam criados.
Os voluntários explicaram que até o café e o doce contém “substâncias que viciam” e que estavam certos de que todos ali usavam drogas. Passaram, então, a falar das lícitas e ilícitas.“Eu já usei drogas ilícitas e eventualmente ainda uso maconha”, confessou Machado, conseguindo daí para frente atenção total da turma.
“Quando ele falou de pensar quem vai usar com você, quem vai estar bem se você precisar de cuidado, onde você vai estar se ficar chapada, os riscos de você ficar em perigo por causa da droga, isso foi um ponto muito importante de conscientização”, comentou Thaylinne Cunha, 18 anos, autora do pedido ao Quero na Escola. “Eu achei demais. Foi mais legal do que a gente esperava, porque foi uma coisa da realidade da maioria aqui.”
“Ficou muito na nossa realidade”, comentou Hilmara Fernandes, 16 anos, estudante engajada em projetos de empreendedorismo educacional que fez o pedido para que voluntários fossem falar do assunto em sua escola. Ela organizou o evento que reuniu todos os estudantes do Ensino Médio na manhã de menos de 10ºC de temperatura da última sexta-feira.