Voluntária do Quero na Escola ajuda alunos a transformar história do bairro em Quadrinhos

A história do Conjunto Confisco, bairro de Belo Horizonte, começou em 1988 a partir de uma ocupação de terras na divisa entre a capital mineira e a cidade vizinha de Contagem. As primeiras 60 famílias se instalaram exatamente onde hoje funciona a Escola Municipal Anne Frank e agora, com uma participação no Quero na Escola – Especial Professor, os alunos da instituição transformarão a história em Quadrinhos.

rebeca-com-caderno-de-alunaOs estudantes fizeram uma pesquisa ao longo do ano e o professor Moacir Fagundes, que dá aulas de História, teve a ideia de solicitar um especialista para que os alunos tivessem ajuda com roteiro e ilustração. Feito o convite pelo Quero na Escola, a designer e ilustradora Rebeca Prado aceitou. Ela fez uma visita à turma para entender o projeto e, no último dia 20, esteve na escola ensinando um pouco de sua arte a 25 alunos, Moacir e a professora de Artes, Luciana Saampaio.

O objetivo do trabalho era resgatar a história do bairro, muitas vezes esquecida não só pelo poder público, mas também pelos próprios moradores. A melhor forma de traduzir essa História e engajar os alunos, pensou o professor, seria produzindo um trabalho diferente sobre a trajetória do Conjunto Confisco. “As disciplinas estudadas na escola não podem ser desvinculadas da vida do estudante, senão acontece um desinteresse por parte dos alunos. Por isso e pelas preocupações com o bairro surgiu esse projeto”, explicou o professor Moacir.

A professora Luciana, de Artes, ressalta também a ideia de contar a história através dos quadrinhos: “pensamos que os quadrinhos formam um relato interessante, que vai despertar o interesse e a curiosidade dos alunos para contar a história da própria comunidade”.

E o trabalho sobre Confisco não tem apenas valor histórico, mas também a intenção de trabalhar a identidade do bairro na mente dos alunos. Segundo o professor de história, trazer a oficina de quadrinhos também é uma forma de trabalhar a imagem do bairro e tentar combater o preconceito com a periferia, com a população majoritariamente negra e pobre.

Ao longo de três horas, a voluntária ensinou conceitos teóricos sobre estrutura dos quadrinhos, texto para histórias, estrutura narrativa e contou sobre os materiais utilizados na criação e as funções de quem trabalha no mundo dos quadrinhos. Os alunos, muitos já fãs de HQs adoraram conhecer os termos técnicos, as canetas especiais e, o melhor de tudo, ouvir uma profissional.

professor-moacirNa parte prática da oficina, Rebeca ajudou os alunos a passar para os quadrinhos a história do bairro. A turma do professor Moacir já tinha muito material pesquisado junto aos moradores do bairro e, munidos disso, partiram para colocar tudo no papel. Divididos em grupos, meninas e meninos se tornaram editores, roteiristas, ilustradores e arte-finalistas. Nas páginas que foram tomando forma, foram abordados temas pesquisados pelos alunos, passando pela ocupação da região do Confisco, a divisão do bairro entre as cidades de Belo Horizonte e Contagem, a origem do nome do bairro e a força das mulheres da comunidade.

O saldo da atividade não poderia ser mais positivo, tanto na opinião dos alunos quanto da própria voluntária. A estudante Ana Luiza Silva ficou impressionada “com os nomes dos balõezinhos, dos quadrinhos e com as canetas especiais que nem sabia que existiam”. Já a colega Raiane Helena, fã dos quadrinhos da Turma da Mônica Jovem, diz ter gostado muito da oficina por ter descoberto outras possibilidades na hora de fazer uma história em quadrinhos. “Eu nunca gostei muito de desenhar, mas foi bom descobrir que posso ajudar fazendo de outras formas. Amei fazer o projeto e nunca vou esquecer o que aprendi fazendo esse trabalho”, contou a aluna da Anne Frank.

Para a voluntária Rebeca, a experiência foi tão bem avaliada quanto pelos próprios alunos. “O trabalho com os meninos foi bem massa. A recepção foi bem legal e parece que eles realmente entenderam o processo”, avaliou a quadrinista, que elogiou o potencial de conexão do Quero na Escola.

rebeca-vendo-meninasE a turma de Ana e Raiane não vai parar por aí. Junto com os professores, o objetivo é finalizar a história do bairro em uma HQ e viabilizar a impressão do material. A própria Rebeca já se disponibilizou a ilustrar um dos capítulos do quadrinho. “Espero que eles consigam finalizar o processo com o mesmo carinho que já dedicaram e espero despertar o interesse deles para histórias em quadrinhos e esse universo!”, deseja a quadrinista Rebeca Prado.

O Quero na Escola – Especial Professor foi viabilizado com a parceria da Fundação SM e permitiu que os educadores pedissem ajuda e recebessem voluntários em outubro, Mês dos Professores. Os estudantes podem fazer o mesmo o ano inteiro.

Para conhecer melhor e ajudar a desenvolver outros tantos projetos como esse, em escolas públicas pelo Brasil, conheça e apóie o trabalho do Quero na Escola. Se você está em uma escola e quer fazer um pedido especial como o da Escola Municipal Anne Frank, se inscreva agora mesmo na plataforma.

Texto e fotos: Pedro D’Angelo

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