“¿Me entendéis? Quem quer que eu continue falando espanhol?”, perguntou Irene Reis Santos à turma da Escola José Cândido, no bairro da Pompeia, em São Paulo, depois de se apresentar como voluntária. Ela visitou a escola após pedido feito no Quero na Escola e falou na língua estrangeira sob olhares atentos dos estudantes.
O pedido por uma introdução ao idioma foi da aluna Safyra Campos Rego, estudante do 9º ano: “Minha tia falava um pouco de espanhol e eu gostava muito de ouvir. E também em algumas séries, eu era apaixonada por Violetta (personagem de novela argentina, famosa no Brasil entre 2012 e 2015)”, conta a aluna.
Os estudantes seguiram acompanhando boa parte da apresentação ouvindo a professora falar espanhol. Uma forma de Irene mostrar a eles que não é tão difícil assim aprender, para nós que somos brasileiros: “Eu comecei o encontro em espanhol e vocês entenderam, né? Se fosse em alemão, aí a coisa já seria mais difícil”, diz ela.
Irene é professora de espanhol, já morou na Espanha, é a representante no Brasil do CIPI – Consejo Independiente de Protección de la Infancia e faz mestrado no Uruguai. Para a atividade, procurou trazer não só o ensino da língua, mas também falar sobre a importância de se falar o idioma – o 2º mais falado no mundo -, por conta das empresas espanholas ou latino-americanas que valorizam profissionais que sabem o idioma e falou das diferenças culturais entre povos hispanohablantes.
A professora indicou sites, aplicativos, dicionários online e deixou à disposição seu próprio perfil do Facebook para ajudar que os estudantes busquem saber mais sobre a língua e se desenvolvam. “Todo dia tem que dar um estímulo para seu cérebro. É muito fácil ver e ouvir coisas em espanhol no YouTube ou configurar o videogame em outra língua”, foram algumas de suas dicas.
A experiência foi aprovada por Ana Maria Assunção, coordenadora da escola, que acompanhou a aula da primeira turma: “É interessante porque às vezes o estudante nem tinha pensado em aprender aquela língua e, quando vê alguém falando, percebe que consegue entender, pode se interessar mais, ver que é possível”.
Logo as dúvidas dos estudantes começaram a aparecer: “Meu primo falou uma coisa engraçada. Que pelado em espanhol é careca, é verdade?” ou “Por que no espanhol tem ponto de interrogação no começo e no fim da pergunta?”. Irene respondeu cada uma das questões e desmistificou algumas ideias sobre o aprendizado de línguas estrangeiras.
Na turma do 9º ano as dúvidas giraram mais em torno dos acentos diferentes e modos de pronúncia do Espanhol. “A produção de som do português é mais difícil que a do espanhol”, disse ela, fazendo alguns exercícios sonoros com os alunos para mostrar as diferenças na hora de falar as vogais em cada idioma.

Entre os estudantes que estavam experimentando os sons e palabras do espanhol, uma aluna se destaca: já faz curso de Espanhol há mais de um ano. “O meu pai estudou na UNILA (Universidade Federal da Integração Latino-Americana, em Foz do Iguaçu) e ele estuda pra caramba. Ele tem todo aquele conhecimento hispânico. Depois disso, nós viajamos para a Argentina, eu tinha 10 ou 9 anos e me interessei bastante”, contou Cristel Masterson. “Depois nós achamos um curso gratuito em um CEU perto daqui e eu estou estudando”.
Cristel reforçou um pedido que fez há algum tempo e que, inclusive, estampa a página inicial de nosso site: aulas de jazz. Já Safyra está aguardando voluntários para um pedido de outra língua ainda mais ousada: o Coreano.
Veja todos os pedidos da Escola José Candido em sua página do Quero na Escola. Quem sabe você não pode ajudar em algum?